domingo, 8 de junho de 2008

"Precisamos de rupturas fortes, com criatividade" Filipe de Botton
Slogans, como este, de incentivo à criatividade são uma constante no nosso dia a dia, mas alguma vez pensámos sobre o seu excesso? Que problemas poderão advir pelo excesso de criatividade?

Um novo estudo sobre criatividade, desenvolvido por três cientistas israelitas, afirma que nada enclausura tanto a mente, nada inibe o dom artístico mais brutalmente do que o excesso de liberdade, espaço demais para a imaginação. Eles argumentam que a verdadeira fonte da criatividade produtiva talvez esteja nos supostos entraves da arte: as regras e a estrutura.
No seu relatório, descrevem experiências nas quais analisavam famosos anúncios e onde descobriram que estes adoptavam fórmulas específicas, a que eles chamam modelos. Um dos modelos encontrado com mais frequência foi o chamado modelo de substituição. O caso da Nike, por exemplo, eles analisaram um anúncio da Nike em que um grupo de bombeiros está prestes a fazer um salvamento, estão a olhar para cima como se alguém estivesse na iminência de saltar de um prédio em chamas. No lugar da comum rede está um enorme ténis da Nike, com letreiro "lugares bem seguros para pousar". Substitui-se assim a rede salva-vidas que amortece a queda de uma pessoa e impede a sua morte.
Estes três cientistas vêm assim refutar um velho princípio da teoria da criatividade segundo o qual as ideias mais originais resultam da liberdade total, da mudança de paradigmas, do fluxo de consciência. Eles argumentam que ao trabalhar com modelos (regras e estruturas) se podem limitar as opções e concentrar o raciocínio numa direcção específica, rigorosa e perspicaz que pode originar resultados comparativamente mais “criativos”.
In "The New York Times"

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